Neste 1º de Maio, França registra dia intenso de manifestações contra reforma da Previdência

02/05/2023 08:39

Sindicalistas franceses mandam sinal a trabalhadores de outros países da Europa

Redação

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |

 

01 de Maio de 2023 às 17:38

 

Manifestante enfrenta policiais durante protesto neste 1º de Maio contra a reforma da Previdência em Toulouse, sudoeste da França - CHARLY TRIBALLEAU / AFP

A França viveu mais um intenso dia de protestos em diversas cidades nesta segunda-feira. As marchas compõem o 13º dia de manifestações contra a reforma da Previdência.

O país europeu já mantém uma tradição de atos no Dia Internacional dos Trabalhadores mas, nesta ocasião, os franceses foram às ruas para expressar a insatisfação contra o aumento da idade mínima da aposentadoria de 62 para 64 anos, implementada pelo atual governo de Emmanuel Macron.

Para garantir a aprovação da mudança, Macron acionou um dispositivo de baixa densidade democrática da década 1950 que permite passar propostas de lei sem o aval do parlamento

Os atos foram convocados pela Intersindical, que pediu que o dia fosse "de mobilização popular contra a reforma previdenciária e pela justiça social". Foram registrados conflitos em várias regiões, com uso de bombas de gás lacrimogênio pelas forças de segurança.

Segundo o jornal Le Monde, a manifestação em Lyon foi tomada pela violência policial. Informações do Ministério do Interior revelam que foram convocados mais de 12 mil policiais em toda a França e, destes, 5 mil foram destinados à capital Paris, que também contou com o uso de drones.

Diversos países sinalizaram preocupação neste 1º de Maio à Organização das Nações Unidas (ONU) pelo uso excessivo de violência contra manifestantes na França. São eles: Suécia, Dinamarca, Liechtenstein, Noruega, Luxemburgo e Malásia, além de Rússia, Venezuela e Irã.


Manifestantes ocupam a praça Saint-Anne, na França, sob uma faixa que diz "ocupe as praças públicas, faça Macron cair", durante  manifestação neste 1º de Maio / DAMIEN MEYER / AFP

Mesmo com o desfecho da tramitação da proposta de mudança previdenciária, organizações sindicais insistem que o governo deve ouvir as ruas e voltar atrás.

Sophie Binet, Secretária da Confederação Geral do Trabalho (CGT),  sustentou que ainda há tempo de ganhar a batalha contra a reforma e convocou os trabalhadores a irem aos protesto "em massa" pois "a manifestação do dia 1º de maio também é uma festa popular".

O CFDT informou, por meio de sua conta no Twitter, que "cerca de cinquenta sindicalistas estrangeiros" expressaram solidariedade ao movimento social francês na luta contra a reforma.  

Em uma sinalização a organizações sindicais estrangeiras, a entidade afirmou que "é um grande presente que os sindicatos franceses deram aos trabalhadores de toda a Europa e uma grande lição de espírito de luta".

Europa registra protestos em diversos países

Protestos exigindo mais direitos trabalhistas também foram registrados em diversos países do Europa. Em Londres, houve uma grande manifestação na Praça Trafalgar. Os ingleses pedem reajustes de salário, melhores condições de trabalho e preservação dos empregos.

Na Espanha e Portugal, trabalhadores também querem melhorias nos salários e exigem que governos sejam mais solidários com refugiados.

Na Itália, três grandes centrais sindicais (CGIL, CISL e UIL) lançaram uma campanha unificada pela valorização do trabalho, que deve se estender ao longo do ano.

A guerra da Ucrânia tem impactado a cadeia de fornecimento de commodities e combustíveis a países europeus, sobretudo grãos, gás, e fertilizantes - os últimos, eram provenientes, em grande parte, da Rússia.

Problemas no abastecimento tem acarretado no aumento da inflação, o que deve ser fator preponderante para manter protestos em alta em toda a região.

* Com informações da Telesur e RFI.

Edição: Thalita Pires