Luiz Eduardo Greenhalgh defende vigília constante por democracia

25/09/2023 07:46

“Temos sempre que avançar e aprofundar a democracia. Hoje, tomando especial cuidado com as possibilidades de retrocesso”, disse o advogado

Por Redação RBA

Publicado 23/09/2023 - 17h46

TVT

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"O que vivemos nos últimos quatro anos foi um grande retrocesso. É um desafio muito grande que Lula terá e já tem"

 

São Paulo – O advogado, ativista de direitos humanos e ex-deputado federal Luiz Eduardo Greenhalgh foi o entrevistado do jornalista Juca Kfouri no programa “Entre Vistas”, da TVT, nesta semana. Um nome importante da luta pela redemocratização durante a ditadura civil-militar e empresarial (1964-1985), Greenhalgh também foi vice-prefeito de São Paulo na gestão Luiza Erundina (PT), entre 1989 e 1992.

Em pauta, a luta por direitos humanos e, sobretudo, na defesa da democracia ameaçada durante o governo do ex-presidente inelegível, Jair Bolsonaro (PL). Logo no início da conversa, Juca questionou se a democracia ainda corre algum risco no Brasil. “Claro que sim”, disse o advogado. “Temos sempre que avançar e aprofundar a democracia. Hoje, tomando especial cuidado com as possibilidades de retrocesso”, completou.

“O que vivemos nos últimos quatro anos foi um grande retrocesso. É um desafio muito grande que Lula terá e já tem. Ao mesmo tempo, reconstruir o país e aprofundar a democracia. Temos que cuidar. Um olho no gato e outro na sardinha para não sermos surpreendidos novamente”, acrescentou Greenhalgh.

Ele argumentou que “a extrema direita, os fascistóides, saíram do armário. O resultado eleitoral nos diz que saíram do armário para ficar. (…) Avançamos depois da ditadura pela democracia com regularidade. Tivemos derrotas do Lula, no início, mas ganhou o Fernando Henrique Cardoso. Éramos adversários, mas reconhecíamos o valor do FHC, sempre democrata”, disse.

Tempos difíceis

Juca reforçou que parte da sociedade ignorou, ou concordou, com a postura de Bolsonaro antes de sua eleição. O extremista sempre defendeu a ditadura e, para além disso, sempre se posicionou a favor da tortura abertamente. “Teremos falhado no sentido da formação cidadã no período pós-ditadura?”, questionou Kfouri. “Sim, falhamos pedagogicamente. Não tenho compromisso com os erros. Enxergo isso com muita lucidez”, sentenciou.

“Primeiro, fomos crescendo e acreditando que bastava ganhar eleições, termos votos, para governar”, continuou Greenhalgh. “Depois, com duras penas, compreendemos que não é bem assim. Perdemos três eleições, ganhamos as seguintes, e achávamos que estava tudo bem. Então, fomos muito infantis, pueris, em acreditar que nossos parceiros de então, que eram adversários nas eleições, mas ajudavam no governo, estariam lá. Gosto de alianças (…), mas sinto que, às vezes, as alianças ficam mais importantes do que o programa de governo, que passa a ser dos aliados de ocasião. Acho que o Lula aprendeu isso. Espero que não esqueça” afirmou.